quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Alberto Caeiro



Antes o vôo da ave, que passa e não deixa rasto,

Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.

A ave passa e esquece, e assim deve ser.


O animal, onde já não está e por isso de nada serve,

Mostra que já esteve, o que não serve para nada

A recordação é uma traição à Natureza,

Porque a Natureza de ontem não é Natureza.


O que foi não é nada, e lembrar é não ver.

Passa ave, passa. E ensina-me a passar.


( Alberto Caeiro )