quinta-feira, 28 de julho de 2011


EU QUERO UM BEBÊ ASSIM

PANICO


Os dias têm sido assim. A cabeça doida carrega lembranças dos 20 anos. Tempos conturbados.
Aguardo o sinal . Verde. Amarelo. Vermelho.
Sem paciência tento a distração, contudo, a cabeça persiste em adoecer.

Panico.

Bobagem pouca ... Problema que atrapalha um dia, um mês, um ano e uma vida.

Reclamar do quê? De nada, de nada. Tudo parece perfeito pra quem assiste e aplaude de longe o caminhar da personagem da Terra do Nunca.




Se eu quiser falar com DEUS


Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz

Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios

Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou

Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho

Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar

Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada

Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada

Do que eu pensava encontrar



quinta-feira, 21 de julho de 2011

PRESENTE DE UM ANJO AMIGO

MEDO - Pablo Neruda


 Ficam todos atrás de mim para eu me exercitar,

entrar em forma , jogar futebol, me apressar, até ir nadar e voar.

Bastante razoável.


Ficam todos atrás de mim para eu me acalmar.

Todos marcam consultas médicas para mim,

olhando - me daquele jeito inquiridor.

O que é isso?


Ficam todos atrás de mim para eu fazer uma viagem,

entrar, partir , não viajar, morrer e , de forma alternativa, não morrer.

Não importa.


Ficam todos vendo coisas esquisitas

nas minhas entranhas, subitamente chocados

com os radiopavorosos diagramas.

Não concordo com eles.


Ficam todos escarafunchando a minha poesia

com garfos e facas incansáveis,

tentando, sem dúvida, encontrar uma mosca.

Tenho medo.


Eu tenho medo do mundo inteiro,

medo da água fria, medo da morte.

Sou como todos os mortais, incapaz de ser paciente.


E assim, nestes dias breves e fugazes,

vou tirá-los da cabeça.

Vou me abrir e me encarcerar

com o meu inimigo mais traiçoeiro.